Fim de férias, baterias trocadas por novas. Assumo que sou “frango de granja”, nascido e criado na cidade grande, pouco afeito a mato, mosquito, rios, cachoeiras, mar… Apesar disso, após boas referências, partimos para Bonito, Mato Grosso do Sul, destino reconhecido pela qualidade do ecoturismo no Brasil. Eu prefiro me conectar com a natureza de outras formas, mas fui. Em ambiente natural controlado, me sinto até bem. Descobri que não gosto de pisar onde não vejo, tenho gastura. Felizmente, nos passeios em Bonito, era obrigatório o uso de calçados fechados com sola de borracha que são propícios para terra e água. Vocês não imaginam como esse sapato melhorou minha conexão com a natureza!
Os passeios em Bonito são simplesmente espetaculares: flutuação em águas cristalinas, cavernas maravilhosas e cachoeiras deslumbrantes, mas com toda infraestrutura necessária para um jacu da cidade grande aproveitar sem receio. Valeu demais a visita e recomendo a todos, mas não é sobre o passeio que gostaria de refletir, e sim sobre a subutilização absurda do turismo no Brasil.
Bonito pode ser utilizada como um exemplo oposto. Certamente, a cidade tem os seus problemas, mas ninguém pode negar que pratica um turismo profissional, zeloso com a natureza, organizado e seguro, certamente pensado em longo prazo e não na próxima eleição apenas. Certamente, se desenvolverá ainda mais nos próximos anos. Não acho que seja coincidência, e sim consequência. O que vi e vivi deixou claro para mim como o ecoturismo poderia ser muito mais bem aproveitado no Brasil como fonte de desenvolvimento e riqueza para a população. O brasileiro ainda não entendeu o potencial econômico natural que está nas suas mãos. O turismo movimenta a economia local e nacional, fomenta empregos e promove desenvolvimento. O turista não precisa ser explorado, precisa ser bem tratado, se sentir seguro e acolhido, nada mais. Infelizmente, perdemos turistas aos montes no Brasil pelo quesito segurança. Tratar bem o turista é atrair novos, é manter a roda girando. Uma política séria de turismo, apartidária e de longo prazo, que também envolva segurança, é essencial e poderia ser uma das grandes apostas do Brasil.
Em um mundo cada vez mais tecnológico, o Brasil poderá ocupar um lugar de vanguarda no turismo de desconexão, onde o ecoturismo é o carro chefe. Desconexão da tecnologia e conexão com a natureza. Esse modelo de turismo será cada vez mais valorizado, tenho certeza disto. Não precisamos gastar bilhões, a natureza brasileira está pronta, basta organizar, junto à população, e explorar esse potencial de forma sustentável e profissional. O Brasil não pode desperdiçar tanto turista assim! Em 2023, o Brasil inteiro recebeu aproximadamente 5,9 milhões de turistas estrangeiros, segundo a Embratur, contra 10 milhões que visitaram a República Dominicana (que é um pouco maior que o estado do Espírito Santo), por exemplo. Paris, na França, sozinha, recebeu 37 milhões de turistas estrangeiros em 2023. Concluímos, portanto, que nosso potencial é, no mínimo, subutilizado. O dinheiro que está ficando na mesa não é pouco! Somos um povo hospitaleiro, carinhoso e alegre, basta colocarmos um pouquinho de profissionalismo (entenda-se incentivo, segurança e letramento da população em relação ao turismo) no meio dessa receita para o país desfrutar da potência que o turismo de qualidade pode proporcionar.
Ao buscar uma conexão com nossa verdade e com a natureza, o único caminho é a desconexão das tecnologias atuais. Essa tem sido uma grande busca nos tempos modernos. Na minha opinião, o Brasil tem a faca, o queijo e a goiabada na mão. E aí? Concorda? Mande aqui nos comentários uma beleza natural brasileira sub aproveitada.
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